20/11/2012

Texto de Maiara Queiroz



Anti Status Quo. Assim é como eu me chamo. Atualmente deveria me chamar Status Quo, o "estado do momento atual". E assim é como eu estou agora, assim é como eu me sinto. 

Cada dia se transforma numa caixa de surpresas. Aquela ilusão de ter o controle do meu
futuro está cada vez mais perto de virar cinzas.Começo desde bem cedo escutando meu corpo, tentando descrever quê tipo de cuidados ele vai querer hoje. Meus músculos, as minhas articulações, meu mal humor que vai variando de estados a cada minuto; o meu entusiasmo, que por momentos sofre um ataque de pânico quando percebe que pode mudar novamente até virar um novo mal humor, e daí volta para o entusiasmo, e daí o não saber, e a confusão, e o medo, e a tristeza, e a felicidade que tem fim porque volta para o desespero de tantos e tantos estados intensamente dimensionados, todos se mexendo no meu interior. E ali eu, tentando dirigir os meus movimentos e darem sentido à minha expressividade. 

Tal vez deveria ter estudado atuação. Pelo menos saberia como disfarçar tanta emoção
toda junta. Mas sou como uma esponja, uma filtragem de águas turvas e cristalinas na
deriva das ondas, sem o menor controle da próxima maré. 

Esse não controle, esse não saber, me traz uma engraçada sensação de me sentir no
momento justo para à improvisação. Qualquer coisa pode acontecer, qualquer coisa pode sair de mim, estou pronta para responder a qualquer estímulo. Não tenho medo, estou entusiasmada, começo gostar das surpresas, podem rir de mim porque começo gostar de fazer rir. Cada velho preconceito que aparece na minha cabeça começa escorrer como molho de manteiga. Então crio de novo, e me faz rir, e estou livre para fazer o que eu quiser, e a minha imaginação começa voar, e até acho que sou realmente criativa, e já não sei mais o que eu vou fazer agora nem em qual dos estados vou acordar na manhã seguinte. 

Acordo e está chovendo, o céu está fechado e a minha cara também. Hoje não quero falar, não quero sentir, não quero pensar, não quero dizer, mas meu corpo diz todas as coisas. Começo ficar dura, sozinha, longe, não estou mais aqui nem quero estar com ninguém Me deixem em paz. Não quero sair daqui. Estou chateada. Agora vamos sentir, se conectar com os estados ... Os estados???!!! Ainda não estou pronta!! Qualquer coisa pode brotar de mim hoje e estou assustada. Resisto. Estou chateada. Me dói. Pronto, já era, não tenho forças, vou chorar. Que idiota. Que fracasso. Que vergonha ... Choro, respiro, choro, me assusto, estou triste, me critico, choro ... isto não era mais que outra maré de águas turvas ... Vou continuar mexendo, vou me entregar, não sei qual será o resultado mas já não me importo com isso. Agora estou nua, realmente nua.

Não sei porquê estou aqui mas vou me mexer até encontrar uma resposta. Não quero pensar, não quero calcular, não quero planejar, quero estar agora, presente, aberta, transparente. Não sei qual é o meu desejo neste espaço desconhecido, só posso intuir que existe alguma força que me atrai. Agora me encontro entre vários corpos nus ao meu redor refletindo cada uma das emoções que eu estou sentindo. Eles fazem parte de mim e eu faço parte deles. Aqui estou agora, aqui eu me encontro, assim sou eu aqui. Eu ja disse tudo, é só olhar para o meu corpo. 

Maiara Queiroz

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.