21/05/2024

Registro da Mostra final da Residência Na dobra do invisível com Luciana Lara no Museu de Arte da Bahia em Salvador.

 

Ainda em tempo, não poderíamos de deixar de publicar os registros do compartilhamento público dos 10 dias de Residência de criação em dança chamado "Na dobra do invisível"  que Luciana Lara ministrou à convite de Cristina Castro coordenadora e idealizadora do Programa de residências artísticas internacionais em Dança do Teatro Vila Velha no Museu de arte da Bahia em Salvador-BA. A Mostra Final aconteceu dia 17 e 18 de abril às 17h no Museu de arte da Bahia pelo Projeto O Vila ocupa a cidade/ O Vila ocupa o MAB. Confira as fotos de Cristina Castro e Ícaro Sena.

O programa de residências artísticas internacionais em Dança do Teatro Vila Velha completa 10 anos este ano, iniciciou em 2014 em parceria com o Vivadança Festival Internacional com o coreógrafo israelense Idan Cohen que esteve em Salvador criando com artistas locais. Com convidados de mais de sete países da América do sul e Europa, as residências tem fomentado artisticamente a formação de artistas e a network internacional entre artistas brasileiros e do exterior.  Desdobramentos nos países de origem dos coreógrafos tem levado bailarinos de Salvador a participar de produções e turnês  no exterior e muitos outros resultados demonstram a relevância do programa para dança em Salvador e para o Brasil.

Neste ano Luciana Lara teve a honra de inaugurar uma série de residências artísticas com artistas Brasileiros do programa.

Coma a ideia de compartilhar publicamente um pouco do processo dos 10 dias de residência, foi realizada uma Mostra Final com uma sequência de experimentações no Museu de arte da Bahia que refletiam sobre o corpo na relaçao com o espaço, suas  materialidades e como as inúmeras dimensões destas materialidades reverberam nos corpos dos artistas residentes.

*A residência é uma realizaçao do Teatro Vila Velha com apoio financeiro do IPAC/Secretaria de Cultura do estado da Bahia, através doprojeto Vila ocupa o MAB.



































































































Clara Boa Sorte, bailarina e coreógrafa que participou da residência criou um texto durante a residência que resume de forma particular e poética a experiência na imersão:

Na Dobra do Invisível 
Um infinito se esconde
Entre impactos e derretimentos 
Corpos encontram o espaço como ele é 
Belo, feio, ultrapassado, histórico, decadente
Entre suas frestas
Nos lugares onde a dobradura acontece 
Escorre água onde não deveria ter
Falta onde deveria chegar
Em pontos específicos o vento passa
E fantasmas parecem por ali caminhar
A sensação do corpo se mistura 
com a agitação da mente 
E é difícil discernir quem e como se ouve
O espaço se configura na dobra 
E transcende o fisico trazendo em si memoria 
Escola, secretaria, casarão morbido
Quantas coisas podem ser um mesmo espaço?
Sala de aula, de opera, de gritos, de conversas 
Divertidas e duras
Obras transitórias que tentam a todo custo
Achar o seu lugar 
Em exposição, na reserva, num espaço demolido
Do anônimo invisível, nascem mãos 
Algo rasteja, algo derrama, algo vomita, algo compõe 
Rolar, ajustar, tensionar, cair e levantar
Em direção a um novo futuro que precisa 
Urgentemente, chegar
é preciso mesmo aprender a dobrar
A arrogância, a injustiça, a opressão 
Quem sabe assim,
O novo tenha enfim 
Espaço pra chegar

Muito obrigada Clara!!!




Na foto: Cristina Castro, Clara Boa Sorte, Luciana Lara,Lucas Santos Maranhão, Luucas, Silvânia cerqueira, Preta Kiran, Marconi Bispo, Patrícia Ragazzon, Isabel Carvalho, Vanessa Carranza, Diane Portella, Daniela Botero e Melissa Sá.

Agradecimentos a todes envolvides em especial  Cristina Castro, Márcio Meirelles, Teatro Vila Velha, e toda a equipe de produção  Beatriz  Albuquerque,  Ana Paula, Thiago do som, os técnicos de luz do  o pessoal do Museu de Arte da Bahia, aos participantes da Residência,  e ao surpreendente público que veio nos prestigiar. 






14/05/2024

Foi publicada uma crítica sobre Sonâmbulo, de autoria de Claudio Serra, professor de dança do Departamento de Estética e Teoria de Teatro da UNIRIO. Confira!





Sob o título Corpo-sonho sem rosto: "Sonâmbulo" no Teatro Poeira, Cláudio Serra, professor de dança do Departamento de Estética e Teoria de Teatro da UNIRIO escreve sobre a apresentaçao de Ramon Lima  durante o Festival do Teatro Brasileiro Cena Distrito Federal no Rio de Janeiro-RJ no último dia 10 de maio.


Acesse o texto na íntegra:   Corpo-sonho sem rosto: “Sonâmbulo” no Teatro Poeira - Eu, Rio! (eurio.com.br)

13/05/2024

Sonâmbulo de Ramon Lima que teve a participação de Luciana Lara como dramaturgista também participou do Festival do Teatro Brasileiro Cena Distrito Federal no Rio de janeiro!








 


Sonâmbulo

Duração: 50 min
Classificação: 12 anos

Sonâmbulo é uma obra que se apropria da aparente passividade e inércia ligadas ao sono, para criar, mesmo que momentaneamente, um desvio no que é cotidiano. Adormecer é portanto uma maneira de resistir, desvelar outras lógicas de existência, criar fissuras naquilo que é estável, atentar ao nosso direito ao corpo.

Nesta obra, o sonambulismo é uma via que nos permite experimentar um corpo entre dois estados (quiçá dois mundos): o do sono e o da vigília. Regido pelas lógicas de ambos os pólos, o corpo sonâmbulo que nos inquieta, é um corpo ambíguo que não se sujeita a apenas uma norma de existência estabelecida. Uma condição de trânsito e equilíbrio precário que faz emergir um lugar de reflexão sobre o que decidimos que é o normal, o possível e o desejável para um corpo. Esta característica se traduz em um dispositivo coreográfico baseado na relação singular entre um corpo, uma arquitetura, um figurino e uma audiência. Neste lugar de encontro, desvela-se talvez uma outra maneira de resistir ou driblar condições de existências às quais somos constantemente submetidos no mundo ocidental, tais como o produtivismo incessante, assim como a necessidade de protagonismo desmedido. Paradoxalmente, o sono se apresenta como uma zona de resistência, mas também de re-existência.

Em cena, Ramon Lima, coreógrafo e bailarino do espetáculo, deriva por uma jornada física, atravessando estados e corporeidades genuínas e singulares. “A proposta é criar a partir da experiência do corpo. Este é o centro da minha pesquisa coreográfica – tanto por uma perspectiva estética, quanto conceitual. Esta também é a maneira como eu habito a dança hoje. Portanto, o processo de gestar Sonâmbulo não poderia ter sido diferente.”

A trilha sonora do espetáculo é composta pelo músico português, João Sarnadas e foi desenvolvida durante uma residência artística acolhida pela CRL – Central Elétrica, no Porto. Esta etapa do trabalho foi financiada pelo Programa Conexão Cultura do Distrito Federal e contou igualmente com a presença da coreógrafa Luciana Lara, que desempenha o papel de dramaturgista do projeto. Para a construção do pensamento sobre o espaço cênico, contamos com assessoria do Coletivo EntreVazios. Já os figurinos, são assinados por Marcus Barozzi.
HISTÓRICO

O processo criativo do espetáculo foi iniciado em março de 2022, sendo realizado de maneira itinerante em 6 residências artísticas acolhidas em 6 centros culturais de 4 países diferentes: Centro de Dança do Distrito Federal (Brasil), Espaço Cultural Renato Russo (Brasil), RADAR Mechelen (Bélgica), Theater arsenaal (Bélgica), CRL – Central Elétrica (Portugal) e Le Pacifique – Centre de développement chorégraphique national de Grenoble (França). Esta característica nômade permite ao projeto um fluxo de encontros com diferentes contextos e diferentes agentes culturais, sendo igualmente apresentado em processo na programação de três festivais internacionais: Festival OUTSIDE IN, em Mechelen (Bélgica); Festival 22 VOLTS, no Porto (Portugal); e Rencontres chorégraphiques internationales de Seine-Saint-Denis, em Montreuil (França).

Sonâmbulo teve sua estreia no dia 8 de setembro de 2023, no CCBB Brasília, dentro da programação do MID – Movimento Internacional de Dança. Em seguida, realizou temporada no Teatro SESC Paulo Gracindo, no Gama e no Espaço Cultural Renato Russo, na Asa Sul. Agora, segue para temporada na França, onde será apresentado no Le Pacifique – Centre de developpement chorégraphique national de Grenoble e no LUX – Scène nationale de Valence.
COMPANHIA

BRUTA Corp. é uma plataforma franco-brasileira de criação, experimentação e pesquisa no campo das artes cênicas, baseada na contaminação entre dança, performance e artes visuais. Criado em 2021 pelos artistas Ramon Lima e Roberto Dagô, BRUTA Corp. nasce do desejo de criar um projeto artístico estruturado num formato contemporâneo de agrupamento, onde as abordagens artísticas individuais nascem em um território comum propício a intercâmbios, encontros e travessias. Um lugar onde o estado bruto das coisas se desenvolve e é lapidado através de processos e experimentações.


DIREÇÃO E ELENCO

Ramon Lima é um bailarino e coreógrafo cuja pesquisa coreográfica tem a experiência do corpo como centro da reflexão estética e conceptual de seus projetos. Parte de sua formação artística ocorreu no IdA – Instituto de Artes de Brasília, onde estudou Artes cênicas entre 2012 e 2016. Em 2019, ele se instala na França a fim de integrar o Master Création Artistique na Universidade de Grenoble Alpes, realizado na modalidade recherche en création.​ Em 2021, Ramon Lima cria sua primeira obra solo, Protopolis, uma instalação coreográfica que questiona as noções de pertencimento e a construção de territórios com base em protocolos de composição artística realizados em espaço urbano. Para 2023, ele prepara sua nova criação, Sonâmbulo, uma obra que aborda as instâncias do sono como um lugar de resistência às lógicas hegemônicas de existência. Ainda em 2023, ele se une ao laboratório de pesquisa e experimentação coreográfica T.R.I.P, proposto pela artista Ivana Muller junto ao Le Pacifique – CDCN Grenoble. No âmbito deste projeto, Ramon Lima cria MIRAGE, uma instalação coreográfica que investiga o tátil e o têxtil como dispositivos coreográficos participativos. Ramon Lima é igualmente intérprete para as coreógrafas Julie Despraries e Anne Collod, na França, e para André Braga e Cláudia Figueiredo, em Portugal.


FICHA TÉCNICA

Coreografia e performance: Ramon Lima
Dramaturgista: Luciana Lara
Criação sonora: João Sarnadas
Espaço cênico e figurinos: Luênia Guedes, Maysa Carvalho e Roberto Dagô (Coletivo EntreVazios)
Iluminação: Ramon Lima
​Direção de produção: Aline Cardoso
Direção técnica: Larissa Souza ​
Produção: BRUTA Corp.
SERVIÇO

Espetáculo: Sonâmbulo
Dias: 09 e 10 de maio
Local: Teatro Poeira: Rua São João Batista, 104 – Botafogo, Rio de Janeiro/RJ
Telefone: (21) 2537-8053
Data: Quinta e sexta, às 20 horas
Duração: 50 min Gênero: DançaClassificação: 12 anos
INGRESSOS

R$ 40,00 inteira

Texto retirado do site do festival: