31/07/2009
30/07/2009
Como foi a pesquisa do Autorretratodinamico?
Para autoretratodinâmico - junho/09
A primeira parte é um encontro de umas pessoas apaixonadas por dança e que se propunham a dançar a dança que viesse de sua história, de seu movimento, de seu fato de ser, de existir, de estar, de se mover, de existir, de sentir... o que te move? por que move? move para onde? de onde vem? por que vem? e assim levam a infindáveis perguntas que o corpo responde melhor que a boca e a cabeça tenta acompanhar. A segunda parte é fazer isso, experimentar isso, dançar isso, falar disso, pesquisar isso... é um mundo de possibilidades, um mundo de vários mundos pessoais que começam a ser dançados por cada um formando a bola. A terceira parte é o espetáculo. Entre cada parte dessa, há outras partes, que de partes não cabem em cada parte que faz parte do todo que não se traduz somente em cada parte que de parte é feita. A quarta, a quinta e a sexta partes são como as anteriores, diferenciam-se pela forma como podemos dizê-las assim, descritivelmente de forma técnica ou não num bando de tentativas inviáveis de organizar o inorganizável do que é viver passado, presente e futuro como uma vida inteira e coesa e dar conta de falar dela como sentimos, carregando tudo assim. Bom. Agora que compreendemos tudo isso, acho melhor a gente ir dançar um pouco.
29/07/2009
Estampado Silêncio - devaneios
Felicidade por fazer o que gosta.
Não perfeitamente, mas fazendo de alguma form,
talvez a melhor
que se pode no momento.
Já não encontro respostas.
Antes o excesso. Pondere, tenha paciência.
A vida se faz desse casamento.
Mudei, me organizei e não pareceu suficiente.
Falta pouco tempo, e tempo
agora é requerido de forma
que não tenho escolha.
Não é a primeira vez,
E fico para escanteio...
Não é culpa de ninguém,
simplesmente assim é.
Assim, demente?
É.
Anotaram a placa do caminhão?
Parece que querer muito uma coisa,
realmente amar, não se permite.
Não pode.
Logo, o que dedicou e batalhou para,
é derramado pelo garçon que
observou a um chamado e esbarrou em alguém
que passava logo
ali.
Diabos de ditos populares:
"Não adianta chorar pelo leite derramado"
Uma ova.
Somos carne, sangue e sentimentos.
Como é estranho observar a sutura anestiada.
Somos carne, sangue...
e sentimentos que criamos
, que sentimos, que está ali e controlamos não contorlamos?
Ah, o acaso.
Parece que querer muito uma coisa,
realmente amar, não se permite.
Não pode.
...
Não, não pode.
Não adianta explicar,
basta Marisa
"É minha só, não é de mais ninguém
A dor é minha, a dor.
A dor é de quem tem"
Já escutei diversas vezes:
"O mestre é aquele que após tantos anos de prática já não pensa mais na hora que faz, não raciocina no movimentar, simplesmente é. É quando chega a hora que esquece tudo que aprendeu e não-o-faz. "
Acho que estão me passando o caminho inverso...
Castelinho de cartas, e tiraram logo aquela do pé do castelo.
Nos dizem, tenha pensamento positivo... poderia ter sido pior.
As vezes isso dá muita raiva, como que para te dizer:
"Ok, você se fudeu, seja um frustado feliz, a merda que você está pisando está fedendo muito
e te afastando de tudo o quer, é legal! Sorria, se possível, dé uma lambidinha nela como agradecimento!"
Para mim isso as vezes soa como SE EU GANHASSE NA LOTERIA...
Não é, a situação é outra. Então para que extrapolar?
enfim, como dizem (grrr novamente!!)
o metronomo não espera.
Drummond
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José ?
e agora, você ?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José ?
E agora, José ?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora ?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora ?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José !
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José !
Agora Merce Cunningham
Para assistir: http://www.youtube.com/watch?v=tXp7r96UTQ4
26/07/2009
Essa vontade louca de dançar a vida...
Há muito que eu ensaio escrever para este blog. É tanto a dizer que me paraliso.
Hoje decidi. Hoje faço 30 anos e essa pesquisa veio num momento mágico junto com um monte de escolhas de como me mover na vida.
A pesquisa é uma coisa louca. Falar de dança, do seu movimento, do seu mundo, dos seus motivos, da sua vida, da sua forma de mover, do prazer de dançar e de se questionar de tudo isso transformando isso em dança é uma COISA! Nos ensaios, a dança saia transpassando a gente de um jeito muito louco, nos empurrava e saia rasgando o peito com uma vontade louca de dançar a vida e a arte que cada um carrega em sua história de corpo. Fazer disso tudo, arte. Partir de si com força mas sem fazer disso uma dança do ego.
Conversávamos um pouco sobre tudo e uma forma fenomenológica de compreender o próprio movimento como resultado de toda uma história pessoal, uma síntese de si impossível, mas que acontecia a cada improviso. A busca pela dança de si mesmo, do seu próprio mundo.
Ver o espetáculo pronto é uma continuidade de se perguntar o que te move. Como isso ainda continua vivo e não dá para responder a isso sem se dançar em tudo. Por isso às vezes as pessoas querem dançar neste espetáculo. A platéia. Sempre todos falam dessa vontade louca.
É muita vida para dançar, é e muita dança para dar conta da vida.
Ainda vou carregar por muito tempo essa vontade desenfreada de rasgar o mundo com a sensação de "mover o braço" e "fazer brotar" a dança que grita em mim nos momentos mais impróprios...
(*como dançaria Caio Fernando de Abreu)
19/07/2009
14/07/2009
A pesquisa continua
Pesquisar sobre um tema nunca parece ter um fim. Imagina então essa nossa pesquisa com autorretratodinâmico, onde o próprio objeto de interesse é exatamente o fato das coisas mudarem, a análise e a vivência da percepção de como nós nos transformamos num mundo sempre em metamorfose... Puro movimento!
No momento entram fisicamente na pesquisa do autorretrato Gigliola Mendes e Breno Metre, que já estavam participando das discussões e reflexões sobre a pesquisa, mas ainda não tinham tido a chance de entrar mais contundentemente com suas danças. Entra também Thaís Khouri, integrante do núcleo de formação, que começa um estágio na companhia neste mês e inicia um contato com todo o universo que criamos e juntamos para fazer este espetáculo.
05/07/2009
Autorretrato de um público
02/07/2009
Pina e Michael em mim
Quando vi Michael pela primeira vez tinha 14 anos, no auge da minha adolescência! Assisiti Thriller na TV. Me lembro da sensação!Naquela época não vinculava na tv tanta diversidade como hoje. Tempo de axé, música sertaneja, pagode e rock covivendo as vezes ao mesmo tempo num mesmo programa de tv... Quando Michael apareceu era só ele , foi um impacto tão grande ... Ele reverbera até hoje em mim na paixão que sinto pelas artes... Michael me encantou com todas naquele vídeo: dança, coreografia, interpretação, música, figurino, maquiagem, cinema, iluminação. Eu queria era dançar muito , no ritmo da música!!!!! Lembro direitinho do meu encantamento, a provocação , a vontade de sair dançando e criando coreografias....
E Pina? Ah Pina!!!!Significa em mim o refinamento do entendimento de arte , do que é dança, a dramaturgia do movimento, a emoção no dançar, a maestria na orquestração dos elementos cênicos, a paixão pela pesquisa prática da coreografia, o sentido de fazer arte. Assisti "Victor" em Londres na última fileira de um teatro imenso , sentada na ponta da cadeira pra não perder a parte da frente do palco. Depois de 3 horas de espetáculo, meu joelho não mexia mais, mas eu estava feliz e preenchida. Pina Baush nutre a gente quando a gente experencia uma de suas obras.
O que eu poderia dizer de novidade de tudo que já não foi dito sobre eles?
Ah.... Escrevo aqui só pra registrar, assumir e reverenciar suas influências em mim!
E fico aqui imaginando os dois dançando juntos, lá não sei nem se acredito onde....
O Lamento da Imperatriz:
01/07/2009
FRASES MARCANTES DE ONTEM DIA 30/06/2009
"Fazer ARTE é MATAR o medo e DOMAR o ego..."
Inverso
Sustento, solto ou penso com a cabeça?
"Ai meu Deus" - Deus não tem nada a ver com isso...
Foi essa resposta que recebi. Realmente não tem e a dificuldade muitas vezes nos faz entrar numa mecanicidade psíquica e falar coisas e as vezes fazer o que não quer ou não controla. Ontem foi puxado... tão puxado que me fez lembrar que já questionei se meu corpo nasceu para a dança. Sempre tive que correr muito atrás. Batalha, batalha e a conquista bem pequena. Que bom! Não canso de buscar, reclamo do estado de estafa, mas eu que escolhi. É, sou feliz com isso. A sensação de conquista própria... de estar um pouco melhor a cada mês, ter compreendido sensações, movimentações e estados. Muito bom. Ontem fui um pouquinho mais... e verifiquei ser possível. Difícil? Sempre, o que não é? Trabalho árduo gera normalmente uma felicidade enorme no fechamento de algum processo. Algo que você fala: "Faz parte de mim, ali está um pedaço do que sou e do que penso, até pretensiosamente dizer um pedaço da minha vida". E dizem que artista não trabalha que é só na vida fácil. Como todo lugar tem pessoas e pessoas. As que conheço batalham muito. Quão comum é: "O que você faz?" "Sou Artista" "OK, mas o que faz para viver, com o que ganha dinheiro?" "...".
Lidar com o lúdico e o que normalmente é visto pela sociedade como prazer e diversão é bem complicado. O produto final é o que importa, dai a caixa preta, o esconde-esconde de tudo que acontece por traz. Deixemos perfeito sem erros para que seja bom! Ah se realmente soubessem o que significa... Horas de ensaio para ter 5min ou 10mi de um pedaço de trabalho finalizado. Fora a correria para esse trabalho estar ali, onde possa ser visto.
Quantas vezes não disse para amigos ou parentes "Não dá tenho ensaio...". Perdi a conta. Parei de reclamar do que vivo, pois foi minha decisão. Hoje não será muito diferente. E mês que vem, pretendo ter dado um passo a mais.