01/06/2011

Jogo de espelho

O que me move neste momento é o quanto que todos os textos que estou lendo reverberam em mim. Sim, não o quê, mas quanto. As verdades que encontro neles só são possíveis de serem encontradas porque já estavam em mim? Pura trama e armadilha da cognição e da linguagem que me faz pensar assim ou seria pretensão? Talvez só constatação. Faço exercício diário de tentar acreditar em mim. Minto–me.


As palavras elucidam, acalmam e muitas vezes me aceleram também porque desabafa o que o corpo vive e ao mesmo tempo não são o bastante. Nunca. A velocidade vem daí, da angustia da busca. Ler expurga coisas que não consigo escrever. Falar é uma maneira de pensar e escrever me possibilita meios de organizar e de me referir aquilo que sei no ato, no movimento, na sensação, definitivamente no corpo. Dançar é mais fácil. Meu corpo, já sabe. Es nem tudo que sei vira palavra. E ás vezes vira palavra errada.

E talvez não seja possível expressar com palavras porque a mente trabalha focando, sintetizando e o corpo é vida sem controle expressa sentindo e aprende ensinando. Olha aí de novo a separação corpo e mente, e eu que sempre digo que mente é corpo? E juro que isso vem da experiência e não do que sei! Será? Tá vendo? Culpa da palavra, não minha. Culpa? Não! Responsabilidade é uma palavra melhor, mais leve pelo menos 2011 anos... Incorporamos esse discurso que formata um entendimento que não condiz com aquilo que sentimos, e mesmo assim o reproduzo, contaminando outros corpos. Que força é essa? Sai de mim! Complicado. É melhor parar de escrever...

Mas antes e para não concluir: Se tudo que sei vem do meu corpo e o que aprendi vem de outro corpo que também passou pelo mesmo processo, então expresso o que já se sabe? Sou uma repetição de tudo que me chega? Que contribuição é a minha? E quem sou, então, se sou meu corpo? Sou todos e tudo? Sou o que sei ou o que vivo? Ou os dois? O conhecimento não é aquele advindo e construído da experiência do corpo que vive? Se incorporo esse conhecimento ele não estaria também formatando a minha experiência?

Aplicando essa reflexão à prática , quando executo um movimento, o interessante seria que por mais que eu já o saiba de tanto que o treinei, no momento que o faço, o faço sentindo-o em cada instante, me perguntando enquanto o sinto se ele é assim mesmo. Assim permito–o ser, mesmo não sendo aquele que idealizei. Assim vivo o movimento. A vida não é assim? Ou você já sabe o que está vivendo?



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