Leandro Menezes em QR Corpo
QR CORPO, da Anti Status Quo Companhia de Dança, fará Circulação Nacional por três estados brasileiros no segundo semestre de 2025, com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC).
O espetáculo-instalação QR CORPO nasceu da investigação sobre a relação do corpo com as telas — pesquisa iniciada pela Anti Status Quo durante a pandemia, quando o isolamento social intensificou o uso da tecnologia e nos confinou ao universo digital como única forma de contato com o mundo.
Estreado em abril de 2023 no Espaço Casa, em Brasília (DF), como parte do projeto Manutenção ASQ nas Telas, QR CORPO realizou uma circulação local pelo Distrito Federal, passando por regiões como Guará, Gama e Plano Piloto, além de integrar a Paralelo 16º – Mostra de Dança Contemporânea na Caixa Econômica Federal. Em 2025, com apoio do FAC-DF, o espetáculo inicia sua Circulação Nacional por três estados, ampliando o alcance da experiência crítica, sensorial e imagética que propõe.
A obra levanta questões sobre como o corpo é representado e percebido na cultura contemporânea — especialmente sobre às tensões entre corpo físico e corpo social, entre o real e o digital. A pesquisa investiga a ficcionalização do corpo na fabricação de sua imagem, refletindo sobre normas, tabus e expectativas sociais, como a pressão estética da beleza idealizada, a exploração da sexualidade, alienação sobre o corpo e a lógica do consumo e do entretenimento no processo dessa construção.
Em uma sociedade que reprime a nudez, erotiza excessivamente certos corpos, padroniza o que é aceitável exibir, monetiza tudo e troca a experiência vivida por relações virtuais, muitos indivíduos acabam se afastando da própria experiência corporal, desenvolvendo uma percepção fragmentada, distorcida e envergonhada de si ou narcísica.
Os efeitos do fascínio pela imagem, da substituição da vida real pela virtual, da censura e dos tabus sociais na relação que cada pessoa estabelece com o próprio corpo leva a uma alienação que gera desconexão com os sentidos, com os desejos, com a presença e com a potência do corpo como território de existência, relação, comunicação e criação. QR CORPO nos convida a refletir sobre esses paradigmas na relação do corpo com as telas,
A Anti Status Quo vem atualizando e aprofundando a pesquisa sobre corpo ficção em QR CORPO, explorando as possibilidades do corpo como imagem manipulada pelos recursos tecnológicos e pela edição, numa era de expansão e dependência tecnológica sem precedentes. A obra propõe uma reaproximação com a imagem do corpo que instaura outras lógicas como a contemplação e a reflexão sobre as consequências e implicações sociais, políticas, cognitivas e psicossomáticas do corpo neste contexto.
O que pode o corpo nas telas? O que a imagem que produzimos diz de nós? Fragmentado, remontado, reconstruído, confinado às proporções da tela, o corpo em QR CORPO desafia a física, subverte tempo , espaço e a anatomia, reconfigura a percepção, desorienta a cognição. Deforma-se, transforma-se, geometriza-se, derrete. Vira paisagem, autorretrato, território, caleidoscópio, jogo, sensação. Uma coreografia de imagens que articula as materialidades do corpo e da imagem, a biologia, a identidade, a cultura, a imaginação, a percepção e a cognição.
QR CORPO é uma investigaçao do poder e da materialidade da imagem — essa força simbólica e política que molda imaginários, define padrões e constrói identidades. A imagem tem o poder de criar realidades, fixar ou subverter normas, invisibilizar ou dar voz. A imagem parece poder tudo, ao contrário da fragilidade e da condição da matéria orgânica do corpo. No campo do corpo, então, a imagem pode aprisionar em estereótipos, iludir, enganar, prometer libertar como também multiplicar, transgredir e reinventar. Em QR CORPO, esse poder é tensionado: as imagens do corpo, manipuladas, fragmentadas e recombinadas, revelam a instabilidade de suas formas, a complexidade de sua presença e a potência de sua reinvenção.
Aguarde! Em breve, mais notícias sobre a Circulação Nacional de QR CORPO!
